Back to '93

Nunca gostei de Lisboa nem persegui a ideia de viver por lá!
... por isso, quando em 1993 (sim... 1993!) fiz a minha candiatura à Universidade, Lisboa foi a 4ª opção e, com medo de entrar, convenci o meu pai a ir comigo inscrever-me na Univ. Moderna, em Beja!
Eu podia ir para qualquer sitio... mas Lisboa não!

Entrei em Faro... em Setembro, pois claro... ainda com 17 anos (lembram-se que o meu aniversário é só em Outubro, certo?!)

Sem pensar muito, vi-me sozinha numa cidade onde não conhecia ninguém e longe da minha familia!
Vocês imaginam como eu estava feliz?

Fui praxada, alinhei em todas as festas, borgas, noitadas de copos e nasceres do sol que pude e fiz amigos! Alguns (de facto, não muitos) permanecem até hoje!

Encantei-me pela liberdade adquirida e nos 1ºs tempos saboreei bem o gostinho da vida académica!
(a verdade é que não foi só nos 1ºs tempos... mas depois aprendi a dosear "a coisa" e dava para borga e para estudar!)

Participei em todos os desfiles académicos, em rallys de tascas, em arraiais e em tudo o que implicasse farra; percorri as principais avenidas de Faro, nem sempre em figuras dignas, a "cantar" todas as músicas conhecidas em versões imprópias (graças a isso, ainda hoje não sei a musica da abelha maia para cantar aos meus filhos...), mergulhei nas fontes (algumas já não existem) e na doca de Faro! 
Não fui melhor nem pior que os outros; fui igual, fiz o que (praticamente) todos fazem!
Ainda hoje!!!

Quis Deus e o Destino que, depois de "crescida", casada e mãe de filhos, eu vivesse perto de um dos Campus da U.Alg., o que significa que, durante o dia e durante a noite, é impossivel ignorar o forrobodó que nos rodeia!

Agora que os caloiros chegaram, é frequente acordar às 4 e às 5 da manhã com cantorias e berros na rua; vejo-os todos sujos, com "besta" escrito na testa, cansados mas felizes (a maioria) e tenho que explicar ao Santiago e à Benedita que aqueles meninos todos sujos e mal cheirosos estão a festejar a sua entrada na "Escola dos Mais Mais Mais Crescidos", a Universidade!

Eles arregalam os olhos, fazem perguntas, querem saber se os pais também festejaram assim... respondo com a verdade possivel, aquela que sei que eles entendem com a idade que têm!...

Não reclamo com o barulho, porque sei que vai acalmar; não reclamo com as asneiras que ouvimos na rua, porque sei que a excitação destes miudos, muitos longe de casa e dos seus pais pela 1ª vez, vai abrandar e sossegar!

Secretamente, tenho vontade de voltar a '93... 
...e fazer tudo de novo!

Obrigada Pai e Mãe, por terem permitido que eu vivesse todas as experiências que vivi! Sou o que sou hoje, muito graças a todas essas aprendizagens!

... e agora, Mãe de 2 futuros adolescentes, universitários ou não, entendo melhor que nunca a dificuldade e o aperto no coração que devem ter sentido quando se despediram de mim e me deixaram sozinha, e que continuaram a sentir durante tanto tempo, certamente, sem ter a certeza que eu dormia e me alimentava convenientemente, e estudava com juizo e me portava com a dignidade e sabedoria que desejavam!

Correu tudo bem! Assim como confio que correrá num futuro que se deseja longínquo, mas que está "já ao virar da esquina"!

Saudações Académicas!


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