O que é "normal" agora para nós? E para vocês, meus amores pequeninos?

Finalmente, aparentemente, vamos começar devagarinho a voltar  ao "normal".

Na verdade já nem sei bem o que é o "normal"... E depois destes 50 dias em isolamento, em que as crianças reaprenderam a brincar sem pressas, a desfrutar da casa que é lar, e que agora também é escola, catequese, igreja, campo de treino, escritório e sei lá mais o quê, agora que os legos se montam e desmontam e voltam a montar diariamente, agora que já aprendemos a sentir estas paredes como acolhedoras e não como prisão, em que os livros e os puzzles vivem em toda a casa, agora que fazemos pão, bolos, crepes, dormimos no sofá, trocamos de cama, deitamos sem pressas e descobrimos o Netflix...

Agora, o que é "normal"?

Não quero voltar a estar com vocês sempre a correr, uma hora e meia por dia, a gerir carros e boleias, entre a escola, o ATL, a natação, o futebol...

Não quero deixar vocês na escola às 8h da manhã, sabendo que só vos vejo daí a 12 horas, não quero gritos de manhã para nos despacharmos à pressa e evitar atrasos, não quero chegar a casa demasiado cansada para brincar, sempre sem tempo para pouco mais do que fazer comida enquanto vocês tomam banho, jantar e deitar...

O problema era exactamente este: tanta correria, todo o tempo, e sem prestar atenção ao mais importante, ao essencial, àquilo que deveria sempre orientar a nossa vida e o nosso sentir!

Não é para este "normal" que quero voltar...

Quero continuar a ver vocês a inventar brincadeiras de "vizinhos", a decidirem qual o disfarce do dia, a trabalharem juntos; quero continuar a assistir ao crescer da vossa cumplicidade, quero continuar a ouvir as gargalhadas frescas... quero continuar a reclamar da constante desarrumação, porque isso é sinal de que vocês estão ocupados com as vossas brincadeiras!

Quero as musicas, os videos, as histórias, os abraços gigantes, os saltos na cama, as migalhas espalhadas pelo sofá e pelo chão da sala!

Quero que a nossa casa continue VIVA!

Espero, de coração, que estes 50 dias sejam recordados com um sorriso, com uma lembrança doce e amorosa, com Amor!

... e quero que vocês, meus queridos amores pequeninos, guardem nos vossos corações que tudo o que fazemos por vocês, é SEMPRE feito por Amor e com Amor!

Espero que os dias melhores se aproximem, que as memórias boas perdurem, que a continuemos felizes como agora (apesar do isolamento, apesar de não sairmos de casa, apesar de todos os apesares!)

Beijos infinitos e abraços do tamanho deste mundo e do outro!

Mãe