Mãe a tempo inteiro!

Hoje a minha admiração vai para as "Mães a tempo inteiro"!

Eu sei do que falo: cresci com uma!
A minha mãe toda a vida foi "doméstica" (a malta da minha idade conhece bem este termo...).
A minha Mãe vivia (e vive!) para o marido e as filhas, para a casa, o almoço e o jantar, a roupa, a limpeza do lar, etc, etc, etc.

Sempre que lhe surgia vontade de trabalhar fora (e essa vontade ainda lhe surgiu várias vezes ao longo da sua vida), o meu Pai apanhava um papel e uma caneta e fazia contas, para perceber se o suposto ordenado que ela iria receber compensava o que teriam que pagar para eu ir para uma creche, para passarem a ter alguém a fazer limpeza em casa, etc, etc, etc!
No fundo, acho que o que o meu Pai queria mesmo era continuar a sustentar sozinho a sua familia (o que sempre fez muitissimo bem e orgulhosamente só) e não perder todas as mordomias de ter a sua Mulher em casa, a tratar de tudo!

A minha Mãe é a perfeita dona de casa: ela limpa, cozinha como ninguém, lava e passa a ferro, costura e educou 1 cunhado, 2 filhas e 1 sobrinho (bem... o cunhado já era grandinho, mas foi ela que o ajudou na escola, senão aquilo nunca iria passar da cepa torta...).

A minha Mãe ía levar-nos e buscar-nos à escola e as suas preocupações eram "apenas" o lar e o bem estar da familia!

De todas as vezes que o meu Pai lhe fez "as contas", nunca se lembrou que havia algo que o dinheiro desse ordenado (mesmo que fosse pouco) poderia pagar: a sua realização profissional!

E eu cresci a assistir a isto! E cresci sempre com as palavras da minha Mãe: "Nunca dependas de ninguém! Estuda e trabalha, para seres sempre independente!"

E assim fiz!!!
Até 2013, ano em que fiquei desempregada pela 1ª vez na minha vida!

Os 1ºs meses souberam-me a férias! Afinal de contas, eu comecei a trabalhar de Verão com 14 anos e aquele Verão de 2013 soube-me mesmo bem!
Depois engravidei da Dita! 
E aí comecei a pensar para com os meus botões: Oh meu Deus! Desempregada, com 39 anos, um filho de 2 anos e um bebe recém nascido... O que é que eu vou fazer????

Tenho jeito para muita coisa, mas nunca tive para "doméstica"!
Aliás... quando esse Verão de 2013 acabou e eu "caí na realidade", comecei a deprimir-me!
Sim, eu tratava da casa, do Santi (fez 2 anos em Outubro), da roupa, das refeições, e tudo e tudo e tudo! Passava o dia inteiro a trabalhar, mas depressa percebi que aquele trabalho não me satisfazia e sentia-me a emburrecer todos os dias mais um bocadinho!

Quando engravidei da Dita (e mais tarde, quando ela nasceu) entrei num elevado nível de stress, porque nunca me imaginei como Mãe a tempo inteiro!
Não me interpretem mal!
Eu AMO os meus filhos e o meu marido, no entanto não me imaginava a viver "apenas" assim!

Admiro profundamente as mulheres que conseguem sentir esse apelo do lar e da familia, que se sentem realizadas como Mães e esposas (ou só como Mães, no caso de não serem esposas de ninguém!)!

Quando a Dita fez 6 meses entrou no berçário para eu poder abrir o meu próprio negócio!

É duro (quem trabalha por conta própria sabe do que falo...) e todos os dias me debato internamente com este sentimento de culpa maternal por não estar mais presente para eles, mas não me arrependo!

Se fizesse as tais "contas" do meu Pai, se calhar estava sossegada em casa com eles, mas não me arrependo de ir todos os dias à luta, mais que não seja, para que possa sentir-me realizada e útil!

É verdade que nas horas dificieis questiono se tudo isto vale a pena, mas tenho a certeza absoluta que sou melhor Mãe trabalhando fora de casa e tentando me realizar profissionalmente, do que seria se tivesse optado por ficar com eles a 100%.

A ti Mãe (não só a minha, mas todas as outras), que exerces esse trabalho a tempo inteiro, aqui fica o meu respeito e admiração (e gratidão!)!


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